domingo, 2 de novembro de 2014

E SE.. ops.. EU SOU!

Hoje eu peço a você que leia, somente se tiver tempo, realmente quero que você reflita.

Bom.. o que eu vou compartilhar hoje é algo com o qual mudou a minha vida realmente da água para o vinho.

Então, quando comecei a cursar meu último ano do ensino médio, concomitantemente fiz curso pré-vestibular. Foi um ano bem difícil, estudava 12 a 15 horas por dia praticamente vivia para isso. Minha família ia sair para passear eu não ia, meus amigos me chamavam para sair eu também não ia, comecei a negar a fazer inúmeras coisas para realmente me dedicar ao meu objetivo, continuar estudando em uma instituição pública, porém no ensino superior.


Sim, era um grande sacrifício, mas eu sempre gostei de estudar e sabia que no final valeria a pena, seria maravilhoso, então me dediquei muito. Quando foi no final do ano, não passei no vestibular. Fiquei mal, chorei muito, mas logo passou porque eu não desistiria. Terminei o ensino médio e tinha mais tempo para me dedicar, como sempre fui bolsista no cursinho, me dediquei mais ainda para conseguir a bolsa novamente, e consegui. Então, comecei tudo de novo, aquela rotina massacrante de estudos, 12 a 15 horas, finais de semana, feriado, dia santo, aulas de reforço e blábláblá. Nessa jornada, sempre me sentia insegura quanto ao futuro, diria que um pouco mais do que os adolescentes que estão começando a vida profissional, um dos meus maiores medos era chegar de frente para aquela pergunta básica “E agora, o que vou fazer da vida, se por um acaso nada der certo?” sempre fugia desse pergunta, corria, gastava minha energia com um medo terrível de me deparar com essa pergunta. 


Foi então que, nada mais e nada menos, cedo ou tarde, eu encontrei com essa pergunta, não passei novamente no vestibular. Eu fazia a coisa certa, eu corria atrás do meu sonho, mas o motivo era errado. Além de buscar reconhecimento, me fazer de pessoa legal e mega inteligente, eu estudava para correr da pergunta.  Logo depois disso, fiquei triste, chorei muito. E para me ajudar, perdi a bolsa do cursinho no ano seguinte. Devido a toda essa bagunça, eu me cobrava de uma maneira surreal, me pressionava ao último, EU TENHO QUE FAZER, EU TENHO... EU TENHO...

Então decidi procurar um emprego, o que também era difícil, não possuía nenhuma formação, nada, nem para remediar a situação. Mas fui com a cara e a coragem. Consegui um emprego no cinema, e decidi continuar a minha jornada, porém agora seria carreira solo ,sozinha, estudar em casa e por conta própria. Como foi complicado, trabalhar de madrugada, estudar durante o dia, as matérias de exatas já era difícil com professor, imagina sem. Sempre tive facilidade com Humanas, e era uma tragédia para exatas. Bom, não consegui ficar no emprego, pagavam muito mal, eu não dormia, e em meio a tudo isso, chorando muito como sempre. Não aguentava mais sustentar toda essa mentira para a minha vida, e continuei fugindo da verdade, fugindo dos meus fracassos, meus amigos do cursinho se afastaram de mim, o motivo até hoje eu não sei, mas na minha cabeça, era vergonha de ficar perto de uma pessoa que fracassou em absolutamente tudo.

E assim, eu mesma me puxava cada vez mais para o buraco que eu cavava, e então, o que meus pais temiam e sofriam junto comigo aconteceu... a depressão. Sim, uma pessoa de 18 anos com depressão, a principio você pode achar que foi frescura, que eu ainda tinha uma vida toda pela frente (hoje eu também tenho certeza disso, na época não acreditava mesmo), mas quando é você quem vive toda a situação que aperta seu coração, é bem diferente, a menos que você realmente passe pela mesma situação, ai sim você compreende como é de fato. Então, eu chorava noite e dia, mas do que o “natural”, alguns amigos me ligavam e eu não queria atender, eu não suportava ficar nas redes sociais e ver a galera sendo aprovada no vestibular. Foi quando, minha mãe e um dos meus irmãos me obrigaram a fazer uma prova para fazer técnico(bolsa de estudo, novamente), eles fizeram a inscrição, e eu fui fazer a prova, com aquela cara de total desgosto, e por fim, passei em 3° lugar, técnico em Administração. E pensei comigo, “pior é ficar assim, vou fazer, fazer o que?”, me matriculei, e na semana seguinte, estava no técnico. Mas aquele desejo  doentio que eu tinha ainda falava dentro de mim. Porque ai eu pensava “não estudei tanto para nada ou nadei ,nadei, nadei para morrer na praia”.


Então, meu pai, me deu o maior presente que alguém poderia ganhar na vida, em setembro de 2012, fiz o Namastê (aquele comprimento que eu coloco sempre no final de cada texto, aqui do Anatomia da Thaís, ainda vou escrever um texto somente sobre isso), o Namastê, tirou todas as vendas, e mentiras que eu havia contado para mim, e o pior de tudo, acreditado que aquilo era verdade. Consegui entender, compreender e acolher meus fracassos, eles me ensinaram muito, mais muito, de que a vida não se resumia aquilo, que ser Psicóloga era meu objetivo final, que as pessoas que realmente gostavam de mim, iriam gostar pelo o que eu sou, e não pelo status ou títulos que eu possuía.

Conheça a verdade e ela vós libertará” – Texto bíblico. 


EU ME PERDOEI! Eu me perdoei pelo fundo do poço que cheguei, e comecei a enxergar caminhos, luz na minha jornada.  Porque afinal de contas, é libertador poder ser você mesmo sem ter medo, saber que sua vida esta certa, apesar de tudo te mostrar o contrário. E naquele momento, nasceu esse meu espirito de consciência, de compartilhar com as pessoas de que elas possuem o poder de mudar suas próprias vidas, independentemente do que seja a situação que vivem.

Certo mas, continuando..

Eu,amava o curso técnico, parecia que cada pessoa que existia naquele lugar, com histórias lindas de superação me ensinava que era possível mudar e conquistar meus sonhos. Essas pessoas me ajudaram a encontrar a verdadeira Thaís que morava em meio aquele tumulto de provas e sacrifícios e dificuldades, dificuldades e mais dificuldades. E ao mesmo tempo, eu estudava para aquele sonho doentio. Entretanto, prestei um concurso público para realizar um estágio na Prefeitura Municipal de São José dos Campos, e passei. Comecei a trabalhar em uma escola de Educação Infantil, que trouxe tanta alegria, divertimento e desenhos coloridos, pessoas que também são grandes exemplos a serem seguidos (o assunto do trabalho é para outro texto).


E então, fazendo técnico, e trabalhando, comecei a ver a vida funcionando, andando, fluindo,  a depressão foi embora, mas ainda sentia uma tristeza grande ao lembrar de tudo isso. Voltei do Namastê (aquele curso que fiz), decidida a tocar a vida com o fluxo sempre para frente e não deixar mais o fantasma chamado vestibular me assombrar. Mas um grande amigo e mestre, Sérgio Kiyoshi (idealizador do namastê), me disse “Acho que você tem que fazer o vestibular de novo” quando ouvi aquilo surtei, pensava comigo mesma “não é possível, depois de tanto sofrimento e lágrimas voltar e fazer de novo”. A principio neguei, mas como não tive sucesso, decidi então a fazer pela última vez, e depois colocaria um basta, o famoso “CHEGA”. Foi o trato que fiz comigo. “2014, de um jeito ou de outro, vou realizar meu sonho”. 


Terminei meu técnico, continuei trabalhando, prestei o vestibular. E não passei novamente, fiquei em listas de esperava, que nunca chegavam em mim, mas não chorei, me sentia com a minha missão comprida, fiz o que tinha me predisposta a fazer. Passei na PUC e na Mackenzie, porém como seria bolsista, não aceitaram minha documentação, e me trataram muito mal. Fiquei triste novamente, mas nada de desistir, como eu havia prometido para mim que iria realizar meu sonho em 2014, estava tranquila, e certa de que realizaria.

Quando estava no cursinho, ouvia sempre que faculdades particulares não prestavam , essa era a crença universal de todo pré-vestibulando, e eu inocente, agarrei essa verdade com unhas e dentes, o que me ajudou a sofrer mais e mais. Em São José dos Campos, a única universidade que possui o curso de Psicologia é a UNIP (Universidade Paulista), e desde que entrei para o cursinho dizia “Eu nunca vou estudar ali” acreditava que era o lugar mais horrível  que existia. 

Então, fiz o FIES (Financiamento estudantil), imagina aonde? Lógico, na UNIP. Haha

Foi a única universidade que me quis, me trataram muito bem, desde a portaria, faxineiros, monitores, secretários, até os professores. Sou extremamente feliz por estudar lá, todos os dias eu agradeço, e aproveito cada aula como se fosse à última, meus professores também possuem formações excelentes, meus amigos são extremamente loucos, mas me aceitam como eu sou, com ou sem fracassos. Entendi que viver é muito mais do que tudo isso que eu passei. 

Se eu apagasse o meu passado, apagaria também toda a sabedoria que eu tenho hoje. Eu me fiz inúmeras vezes de vitima da minha história, sendo que eu mesma havia criado. Hoje eu não consigo lembrar, de tamanha dor que eu sentia tudo isso foi preenchido por felicidade, quando eu entendi que independentemente de qualquer coisa, minha essência já era um sucesso. Eu já possuía tudo o que precisava ar nos pulmões, força nas pernas, comida na barriga, e uma família e alguns amigos que nunca me abandonaram em toda essa jornada, dentro de mim eu já possuía o que necessitava.  

Como diz Flávia Melissa “ A vida é 10% o que te acontece e 90% como você reage”.


E daquele momento em diante, eu acolhi tudo o que a vida me deu, como um presente, como se eu tivesse escolhido, não posso dizer que não possuo minhas questões, porque todos nós possuímos, mas a sabedoria que eu ganhei em saber lidar com elas, mudou toda a minha vida. Eu me permiti admirar a minha vida mesmo com todas as imperfeições dela, e mesmo assim eu acho ela linda. Porque se eu não a admirasse, viveria infeliz pelo resto dos meus dias. Parei de usar duas palavras que nunca devem ser usadas na mesma frase “E SE?”, as substitui pelas duas palavras com o maior poder criador do mundo, em qualquer idioma “EU SOU”.

Por fim, eu ouço hoje que cresci muito, eu concordo com isso, mas foi um crescimento espiritual, da Thaís com a Thaís, um amor próprio, incondicional e criador de todas as possibilidades da Thaís com a Thaís. Hoje em dia o sentimento é de gratidão pela vida, pelo respeito que ela teve comigo em me mostrar que a felicidade não é o destino, mas sim a viagem. Eu não sou mestre, e nem pretendo ser, não possuo muitas respostas, mas de vez em sempre eu mudo as minhas perguntas. Namastê, por que eu sou um SUCESSO TOTAL

2 comentários:

  1. Thais....com TH não é?
    Assim foi sua apresentação quando nos conhecemos...
    ADOREI ler seu texto... e me fez pensar bastante...inclusive na minha historia de vida.
    Uma coisa não podemos negar...A VIDA TEM A COR QUE A GENTE PINTA....ela pode ser preta, cinza, bege, marrom, roxa... mas pode ser super colorida...
    Tudo depende de você!!!!!
    E só vc é capaz de mudar...
    Você fez as mudanças necessárias e venceu!
    Parabéns pela luta, pela determinação, força de vontade e por investir em você sempre.
    Sou sua fã!!!!!
    Um abraço do meu tamanho.
    Adriana

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    1. Realmente.. eu compreendi que a vida é da cor que a gente pinta, é a energia que trazemos para ela.. quando trabalhamos juntas isso se confirmava dia após dia.. Como eu disse, eu tenho que fazer muita força pra lembrar de tamanho sofrimento que passei, porque tudo isso hoje foi preenchido por amor, carinho e perdão. No dia em que me perdoei, tudo o que acontecia na minha vira era oportunidade e caminhos novos, com novas possibilidades e destino. Gratidão, vc foi um grande exemplo para eu superar tudo o que eu precisava.. Me espelho na sua humanidade para lidar com as inumeras situações da minha vida. ADOROOOO esse abraço do seu tamanho!! GRANDE BEIJO E ABRAÇO.. TH..ais Caroline

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